Não se pode pretender que uma refeição a 20 € (sem vinho), na Lisbon Week, represente um expoente culinário. Mas, nos últimos anos, fiquei cliente para testar restaurantes porque, voltando aos que me agradaram, encontrei qualidade que não conhecia. Foi assim, por exemplo, que ficámos devotos do Assinatura, conhecendo já três chefs. Um chefe que consiga a 20 € fornecer um jantar que agrade bem e que nos desafie a bem o fazer em casa, conseguiu vencer um bom desafio.
Este ano, fomos ao panorama do Sheraton, antes com Leonel Pereira, agora substituído pelo seu ajudante, Ricardo Simões. O mimo do chefe, uma sopa de morango, foi banal. A entrada, confesso que já não me lembro o quê, uns cubos de salmão fumado acompanhados já não sei com quê, não me impressionou, diferentemente dos pratos principais.
O bacalhau à Brás é completamente reformulado e distingue-se de coisas hoje vulgares (até à Avillez) que só são modificações minimalistas (por exemplo, mais gemas que ovos inteiros, ou fritura prolongada a lume mínimo, como sempre fiz). Neste caso, sobre uma base puré de batata visivelmente feito com água de escaldar o bacalhau, vinha um excelente lombo, escaldado (ainda há quem coza o bacalhau, que crime?) coberto com uma preparação à Brás muito conseguida: uma fritura de cebola, ovos batidos e batata palha. Para mim, faltou salsa picada e azeitonas no puré de base.
O outro prato, muito simples mas excelente, era de lombinhos de porco, tenrísimos, com um toque de ervas (alecrim? tomilho?), certamente cozinhados prolongadamente a baixa temperatura. A guarnição, muito boa, era simplesmente um misto de ervilhas, milho e uma brunesa de presunto e morcela.
Sobremesa de nível top: pudim de baunilha, creme de pêssego e um magnífico crumble de chá verde (um açoriano tem de tentar fazer bem isto, com Gorreana).
Voltaremos, quando eliminarem a sobretaxa do IRS.
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