sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Coisas que vou lendo (1)

Não estou certo de que se justifique uma nota como esta. Se um escrevinhente razoável de português vier fazer notar o erro cada vez que lê “à dias que vi isto”, não faz mais nada na vida, quando talvez pudesse fazer muita coisa útil. No entanto, pode contribuir para que, hoje um, amanhã dez, comecem a reparar nos erros. E, com isto, a irem procurar leituras mais seguras, começando até pela cada vez mais credível wikipedia.

Perdendo tempo precioso com blogues de amplificação/deturpação (“traduttore, traditore”) das receitas e notas “gastronómicas” de revistas de cabeleireira, dei por um texto sobre “fondue” - valha que, ao menos, de queijo, porque há quem ache que fondue é só a recente-inventada borgonhesa, de carne, frita em óleo e embebida em molhos industriais, uma delícia! Diz o autor que a fondue se acompanha em França com presunto (“à propos”, onde é que se usa presunto em França?) e na Suíça com carne seca. Creio que estará a pensar no “boeuf (langue) valaisan”, de um cantão em que até a fondue nem é coisa típica. Vivi na Suíça e não preciso de revistas de tias para lhe conhecer a cozinha. Carne com a fondue? Nunca por nunca! Quando muito, mas só à moderna, com a raclette, coisa muito diferente e essa sim, tradicional do Valais (juntamente com os guardas suíços do Vaticano...).

Já agora, também mais duas notas. Primeiro, os queijos. A fondue mais genuína, a do Vaud, é só de Gruyère. Em Friburgo, junta-se vacherin. No resto da Suíça, para embaratecer, um terço de Ementhal. Tudo o mais que se diga por aí de queijos pode ser aceitável, como regionalização (também já a fiz com S. Jorge) mas não é canónico. E não canónico de todo é fazer a fondue em tacho, ao lume, como se vê na figura que acompanha essa receita. Caquelon, em cerâmica, que de facto pode começar por ir ao lume mas, tipicamente, vai à mesa sobre uma lamparina! Aliás, é coisa que toda a gente conhece dos restaurantes, não se percebe como se pode publicar na net coisa diferente.

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