quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Outra vez a cataplana

Confesso que tenho idiossincrasias irritantes, como a de me ficarem atravessadas na garganta espinhas minúsculas, falando metaforicamente. Nos últimos tempos, sei lá porquê, foi a cataplana. Dela falei aqui e aqui e prometi uma receita, construção (nem sequer se pode dizer que reconstrução) das minhas memórias de Angola, agora avivadas pela cativa que me tem cativo.
Para o que tecnicamente pode dar a cataplana, pouca coisa há tão adequada como o peixe seco africano. Podem ler no sítio habitual uma receita de cataplana de peixe seco de inspiração angolana, que já experimentei depois de inventar. 
O cacusso, muito vulgar em Angola e o mais apreciado peixe para secar, habita as águas entre rio e mar e, muito tipicamente, as lagunas. Foi muito popularizado em Israel pelos restaurantes do lago de Tiberíades, onde o comi relembrando Luanda, com a invocação mítica de ser o “peixe de S. Pedro”. São muitas espécies do género Tilapia, hoje espalhadas por todo o mundo. Mas quem fixar a imagem e for à peixaria, certamente arranja bom substituto, embora não seco. Mas é difícil secar? É só deixar uns dias em sal, eliminar o excesso de sal e levar ao forno a 80-90º, 4-6 horas.

P. S. (29.12.2012) - Reparei agora que a receita tinha erros, que já corrigi. Peço desculpa.

2 comentários:

  1. Tenho uma duvida:
    Eu achava que a cataplana era boa porque carameliza os ingredientes que têm contacto directo com o cobre. E cozinhando no seu próprio vapor os outros ingredientes. Tornando, assim, os ingredientes, firmes mas tenros e cheios de sabor. Este pensamento tá errado?
    Um bem haja, Eusébio Meireles

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  2. Julgo que o Eusébio Meireles tem razão, embora eu nunca tenho usado a cataplana a ponto de caramelizar os ingredientes. O que me parece é que convergimos para coisa concordante: a cataplana é para ser usada a lume alto e em confeções relativamente rápidas, com pouco líquido, não para peixes suaves e com legumes aguados, como vejo hoje no Algarve.

    Isto começa a desafiar-me. Um dia destes faço em triplicado um prato de peixe e legumes, em três versões, 1. clássica em tacho; 2. ao vapor; 3. na cataplana. Depois direi.

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