Sou cliente habitual da Lisbon Restaurant Week, por uma única razão. Não me importo de, dentro das minhas possibilidades, pagar por um grande restaurante, mas detesto ser vigarizado e pagar gato por lebre. Assim, por 20 €, fico a saber o que me oferecem e extrapolo para a ementa normal – e o seu preço. Nuns casos fiquei cliente, a outro (estrelado) nunca mais lá fui.
Desta vez foi o Claro, em Paço de Arcos, numa excelente localização com vista para o Tejo (adivinhada, porque fomos jantar já de noite). Já lá tinha ido, como La Cocagne, mas é história antiga. A sala, a vista, a decoração, são as mesmas mas a cozinha, a cargo de Vítor Claro, é muito diferente. No geral, gostei bastante, embora nem tudo me tenha agradado igualmente. Começo por criticar a demora, pouco compreensível no caso de um menu fixo. A compensar, os pedidos de desculpa de um serviço muito simpático.
Abriu-se com um couvert muito simples, mas que não apreciei muito. Bom pão mas apenas de uma qualidade, só mais manteiga e flor de sal. Já tenho escrito que sou minimalista em relação ao couvert, não quero petiscos nem presunto e queijo, mas este exagerou.
Primeira prova de mexilhões, numa espécie de escabeche, com um muito bom toque de um enchido (chouriço, paio?) ou de presunto. Muito simples, muito bem feito. A seguir, barriga fumada em fatias muito finas, com uma boa vinagreta de ervas. Pena que a barriga fosse muito variável, umas fatias com carne, outras só de gordura. De qualquer forma, novamente muito boa nota.
Também muito bons uns coscorões de alheira e depois raviolis de camarão e cogumelos (pareceu-me que chanterelas ou até boletos). Raviolis é uma maneira de dizer, porque a massa era de tipo massa de arroz, oriental. Muito bom.
A entrar nos pratos, uma mousse de bacalhau coberta com batatas fritas. A mousse, muito simples, tipo brandade mas com pouca gordura, mais nata, estava suave e com tempero justo, a ir muito bem com o bacalhau. Fiquei com dúvidas sobre as batatas, fritas em azeite (o que me enjoa sempre um pouco), um pouco agressivas para o bacalhau que, como disse, estava muito suave. Teria preferido um outro legume em palitos, fritos, como, por exemplo, caiotas ou cherovias.
Como não há bela sem senão, o pequeno prato final de carne foi uma desgraça. Porco desenchabido, seco, nem confitado a baixa temperatura nem classicamente assado, a meio caminho, acompanhado apenas com ervilhas que ficaram com uns minutos a menos de tempo de saltear. Gosto de legumes crocantes mas não quase crus. E mais nada a dar qualquer graça ao prato. Em compensação, a terminar, um excelente gelado, claro que não industrial.
Tudo pesado, lá voltaremos para refeição normal. Pena é que, na conversa animada, me tenha esquecido de ver a ementa normal, que também não encontro na net.
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